A quem impacta o Movimento Internacional do Livre Acesso à Informação Científica e Tecnológica?
São poucos os eventos, no Brasil, preocupados em debater o acesso livre à informação. Uma dessas poucas oportunidades ocorreu na FNAC Pinheiros, no último de 6 de marçoàs 19 horas, em São Paulo, promovida pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), em parceria com a FNAC, sob o título Debate: Café Intercom – Livre acesso à informação.
A FNAC Pinheiros e a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – INTERCOM dão inicio ao projeto Café INTERCOM. Acompanhados por um café da tarde, estudantes, jornalistas, sociólogos, escritores, associados Intercom e o público em geral são convidados a debater os vários temas que demarcam a Comunicação e seus desdobramentos. O Café INTERCOM acontece em cinco edições, durante as primeiras segundas-feiras de cada mês. Neste primeiro debate com o tema “A quem impacta o Movimento Internacional do Livre Acesso à Informação Científica e Tecnológica?”, o Café INTERCOM será conduzido pela Profa. Sueli Ferreira, da Escola de Comunicações e Artes da USP, com a participação do Dr. Hélio Kuramoto, coordenador de projetos especiais do IBICT, do Dr. Rogério Meneghini, coordenador da SCIELO, do Dr. Lewis Joe Greene, representante da ABEC e do Prof. Marcius Freire, representante da área de Comunicação junto à CAPES.
O primeiro a se apresentar foi o autor desse blog, que teve uma excelente oportunidade para divulgar as ações do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), em particular, o estabelecimento da Política Nacional de Acesso Livre à Informação Científica. Além das ações, este autor discutiu a posição do Brasil face aos países desenvolvidos na classificação de quantidade de repositórios por países. O Brasil aparece em quarto lugar, atrás apenas dos EUA, do Reino Unido e da Alemanha.
Em seguida, o Dr. Rogério Meneghini fez a sua apresentação, comentando sobre o cadeia da comunicação científica, destacando as dificuldades desse processo e, considerando que o Brasil possui, atualmente, uma boa comunicação científica, a qual se encontra amplamente representada no Scielo. A sua apresentação enfocou essa iniciativa como sendo uma das prinipais no Brasil, sendo a pioneira no acesso livre à informação científica. O Dr. Rogério Meneghini salientou a importância das ações do Ibict, considerando-as um avanço com relação ao movimento do acesso livre no Brasil.
O Dr. Lewis Joel Greene, representante da Associação Brasileira de Editores Científicos, falou em seguida, destacando rapidamente as definições do Open Access, obtidas por meio de um artigo de Peter Suber, distinguindo as publicações cieníficas eletrônicas de acesso livre, as quais são peer reviewed e os repositórios ou archives open access, que segundo ele, estas últimas não são peer reviewed. No mais, o Dr. Greene se deteve em discutir os indicadores de qualidade do Scielo.
O último convidado a falar foi o Dr. Marcius Freire, representante da área de comunicação junto à Capes. O Dr. Freire apresentou os principais números sobre o Portal de Periódicos da Capes, ressaltando a sua importância para a comunidade científica brasileira.
É importante fazer, no entanto, apenas uma pequena ressalva quanto à afirmação do Dr. Greene, o qual comenta que os repositórios ou open archives não são peer reviewed. Essa ressalva é feita como forma de evitar propagar idéias imprecisas.
Na realidade, não podemos generalizar essa idéia, uma vez que as iniciativas vêm tendo o cuidado de separar aqueles repositórios que são revisados pelos pares ou cujos papers depositados foram revisados pelos pares, uma vez que estes foram publicados em revistas científicas tradicionais, portanto, foi objeto de avaliação pelos pares, daqueles repositórios que aceitam todo o tipo de papers e documentos. Esses últimos existem de fato, da mesma forma que existem as bibliotecas digitais de teses e dissertações, cujos documentos passaram pela revisão pelos pares, uma vez que uma banca examinadora é constituída de pesquisadores especialistas que avaliam a tese ou dissertação , objeto daquela banca.
De uma forma geral, esse evento foi muito concorrido, uma vez que inúmeros técnicos, pesquisadores e estudantes, tanto da área de ciência da informação quanto da área de ciência da comunicação, estiveram presentes. Iniciativas como essa deveriam se multiplicar, não apenas para divulgar esse movimento, mas principalmente para discutir e esclarecer questões como essa apresentada pelo Dr. Greene.
Hélio Kuramoto